Editorial
Aqui não tem calma. Não tem isenção. Não tem pedido de desculpa no final.
Aqui a notícia berra, escorre, exagera e aponta o dedo — mesmo tremendo.
Este jornal nasce do incômodo. Do boato que corre mais rápido que a verdade. Da manchete que gruda no olho e não sai nem com cuspe. Se é absurdo, a gente amplia. Se é estranho, a gente esfrega. Se parece mentira, melhor ainda — porque é aí que mora o medo.
Não prometemos fatos. Prometemos sensações.
Não entregamos verdade. Entregamos suspeita.
Aqui, a dúvida vale mais que a certeza e o exagero é método, não erro.
Toda história publicada pode ser real, inventada ou meio podre das duas coisas. Como a vida. Como o noticiário. Como aquela conversa sussurrada no ponto de ônibus às 6 da manhã.
Se você quer segurança, procure um manual.
Se quer conforto, vá dormir.
Mas se quer ler algo que coça, incomoda e deixa pulga atrás da orelha, chegou no lugar certo.
Leia com desconfiança.
Espalhe com maldade.
E lembre-se: se ninguém gostou, é porque acertamos.